22 de nov. de 2006

Coisas do Coração (Raul Seixas)


Letra da Música do Raul :

Coisas do Coração (Raul Seixas)

Quando o navio finalmente alcançar a terra
E o mastro da nossa bandeira se enterrar no chão
Eu vou poder pegar em sua mão
Falar de coisas que eu não disse ainda não
Coisas do coração!Coisas do coração!
Quando a gente se tornar rima perfeita
E assim virarmos de repente uma palavra só
Igual a um nó que nunca se desfaz
Famintos um do outro como canibais
Paixão e nada mais!Paixão e nada mais!
Somos a resposta exata do que a gente perguntou
Entregues num abraço que sufoca o próprio amor
Cada um de nós é o resultado da união
De duas mãos coladas numa mesma oração!
Coisas do coração!Coisas do coração!
Comentário da Letra!

É, o navio ainda não alcançou a terra, e não fincamos nenhum mastro no chão.
Tudo ainda está em alto-mar.
Caso o homem não afunde esse imenso Titanic, haveremos de ancorar em terra firme.
A humanidade ainda se encontra perdida no alto-mar da vida, remando contra a maré.
Não vê que estamos todos num mesmo barco. Mas não; prefere ocultar, um ao outro, seu destino.
Enquanto a humanidade não voltar seu rosto para o que lhe é semelhante, não haverá amparo neste mundo definido.
Resta a esperança de mudanças nessas correntezas, quando as diáfanas balanças do destino trouxerem de volta a melodia das sereias nórdicas, à proa do barco da conquista.
Enquanto não vêm, segue ela um ignoto destino, diluído e cintilante, numa profunda névoa.
E quando a névoa se dissipar, quando a humanidade se desvencilhar das suas amarras, tudo resplandecerá na anatomia bruxuleante de uma bela paisagem: a paisagem da alma.
É quando todos se entregam num abraço, quando um no outro encontrará abrigo que protege e retém a duração pura; e nesse amplexo, haverá de sufocar o próprio amor.
Tudo ai promete a eternidade.
Haverá um só coro, uma só linguagem, um só pensamento; haverá uma só oração: a oração do amor.
Coisas do coração!
Eis que o navio de cristal finalmente alcança a terra.
O mastro da nossa bandeira está fincado no chão.
A humanidade não mais vive faminta de conquista, de exploração, de pilhar a natureza...
Ela agora está faminta um do outro; cada um derrama-se em amor pelo outro.
É quando todos se lançam – ébrios de amor – no salão dourado da via-láctea, valsando até que a música sideral tenha esgotado a sinfonia escatológica.
Coisas do coração! Coisas do Coração!
Origem dos documentos:
Beleza!